Existe uma música que embalou o final da minha adolescência que dizia:
‘Seu coração é uma estrela matutina de suave luz…’ Acredito mesmo
que os corações humanos sejam estrelas, cada um carregando a sua luz,
cheios de dor às vezes, de mágoas, de segredos,de alegrias… É sim o
coração que move as pessoas, não tanto pelo que ele representa no
senso comum, mas pelo que as pessoas falam que carregam dentro
dele… E elas falam…Referir-se a esse assunto parece um tanto genérico ao se tratar ‘de
outras pessoas’, de gente que anda na rua e eu não conheço, de gente
que senta do meu lado no ônibus e eu não sei nem o seu maior sonho
atrás daquela expressão de cansaço… Estrelas, afinal, com toda
a especialidade que lhe cabe , com todo o brilho que lhe convém……Ouvir pessoas… Sim, essa foi a escolha que eu fiz na minha vida!
Estudar tudo o que eu posso sobre a mente humana, conhecer algumas
teorias, entender de alguns comportamentos, patologias, desajustes,
dores… Ouvir, entender, devolver, ajudar…Escolhi a carreira de psicólogo primeiro porque eu queria obter todo
esse conhecimento sobre o ser humano e depois eu percebi que queria e
poderia muito mais que isso, eu poderia interferir significativamente no
sofrimento de alguém, e interferir de forma que essa pessoa conseguisse
entender o porquê de tanta dor, de tanto medo, de tantas lágrimas e
talvez, viver melhor…Quando me dei conta disso, logo pensei: ‘realmente ser psicólogo não é
só ficar fazendo cara de eu-sei-o-que-você-está-pensando com aquele
olhar de paisagem’ que o senso comum acredita, mas também é saber que
haverá sentimentos de repulsa, desistências, resistências, contra
transferências e tudo isso junto na sua frente, na sua sala…Eu não vejo mais o psicólogo só com um cientista da mente, mas como um
ser humano que ama o ser humano! Uma pessoa que ama pessoas e o seu
‘kit de máscaras, alegrias e dissabores’… Conseguir tudo isso não
seria fácil se eu não me importasse o mínimo com a pessoa que pode
bater na minha porta, sentar na cadeira do meu consultório e falar o
que passa no ‘seu coração’. E como diria Olavo Bilac:
‘Amai para entendê-las, pois só quem ama pode ter ouvido capaz de
ouvir e entender estrelas.’
– Juliana Schmidt Raddatz-